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Cena I – a reclamação do elenco.
Entram dois mosquitos cantando. São retirantes.
Eu sou o mosquito que vem lá do norte.
Para cá no sul tentar melhor sorte,
Para cá no sul tentar melhor sorte.
Quando cá cheguei, eu vim de mala e cuia,
Senti tanto frio que fui pras cucuia.
Senti tanto frio que fui pras cucuia.
Mas não pense ocê que nós se avexemo,
Fingimo que fumo e agora vortemo.
Fingimo que fumo e agora vortemo.
Temo bem aqui juntinho de oceis,
Que felicidade oi nóis aqui tra veis.
Que felicidade oi nóis aqui tra veis.
Levantam as máscaras, agora são ator e atriz (podem ser duas atrizes).
ATOR Essa coreografia me da uma dor nos quartos!
ATRIZ Pois em mim dói quarto, sala, cozinha, dói a casa toda!
ATOR O diretor dessa peça ainda vai acabar com a gente! Se soubesse que seria assim eu não teria aceitado!
ATRIZ E o pior, é que a agenda tá cheinha e o cachê é uma merreca!
ATOR Vamos parar de reclamar e continuar o espetáculo, assim terminamos de uma vez e podemos descansar.
ATRIZ Vamos! (colocam as máscaras, pose se recompondo, voltam a ser mosquitos)
MOSQUITA Mais eu to tão arretada hoje, num sabe? Minha família aumenta cada vez mais! Já tenho milhares de mosquitinhos, num sabe?
MOSQUITO Ora, não me digue?
MOSQUITA Digo!
MOSQUITO Eu pedi pra não me dizer!
MOSQUITA Agora já disse!
MOSQUITO E o melhor de tudo é que a gente não precisa fazer quase nada, é só largar nossos ovinhos por aí, numa poça de água limpa, que em poucos dias temos um exército de mosquitinhos lutando ao nosso lado.
MOSQUITA E cá entre nós, o que mais tem nessa cidade é água parada!
MOSQUITO Vichhh...
MOSQUITA Eu adoro água parada! A do ro!
MOSQUITO Disso eu sei! Se tiver uma pocinha de água parada, lá tá tu procriando, e procriando, e procriando...
MOSQUITA Esses humanos são uns jumentos, não é mesmo? Inventam tanta bobagem pra tentar nos derrotar! É veneninho pra cá, é veneninho... (na cara do mosquito) ...pra cá de novo.
MOSQUITO Eles nem imaginam que é tudo muito simples, bastaria uma mudança de hábito, uma mudança de atitude...
REI (Fora de cena.) MOSQUITEIROS!
MOSQUITA Aí vem ele com mais uma ideia genial pra nos derrotar! Deixe que eu me entendo com ele!
MOSQUITO Vai bancar a machona, é? Então te vire! (Sai)
Cena II – o rei dança com o ades aegypti.
REI (Entrando com um megafone) MOSQUITEIROS! MOSQUITEIROS! Oh, não! Um mosquito da Dengue! Tenho que proteger o meu reino! (dançam uma música folclórica. Mosquita sai e deixa o Rei dançando sozinho).
Cena III– ontonti.
PRINCESA (Entra com um “cavalinho” brincando de Mosquiteiro. Ela tem um matamoscas como espada) Chamou meu rei?
REI A princesinha do papi tá brincando de mosquiteirinho, ta?
PRINCESA Achei que o senhor estivesse me chamando!
REI Chamei os mosquiteiros! Filha, você quer tanto ser uma mosquiteiro do rei, não quer?
PRINCESA Sim papai! Quando crescer eu quero ser um mosquiteiro do rei!
REI Mas filha, pra ser um mosquiteiro é preciso ser menino e você é uma linda menina!
PRINCESA Eu não sei por que essa discriminação!
REI Não é discriminação, é assim que é, filha! São eles que fazem as leis!
PRINCESA Mas o senhor meu pai, é o rei!
REI Mas o que posso eu, um simples rei fazer?
PRINCESA Mudar a lei!
REI Você não faz ideia do quanto isso é difícil pra mim! São tantos ministros, secretários, assessores, lobistas, asponis...
PRINCESA Tá bom!
REI Você sabe onde estão os mosquiteiros?
PRINCESA Estão todos no Posto de Saúde!
REI No Posto de Saúde? Fazendo o que, lá?
PRINCESA Eles estão com dengue, meu rei!
REI Eles também?
PRINCESA Não se animam nem pra comer! Tão numa fraqueza de dar dó! Mas estamos economizando na alimentação!
REI Olhe minha filha! Olhe bem para essa cidade! Nós sempre fomos um povo alegre e hospitaleiro! Tudo isso um dia será seu, mas agora tudo está mudando por causa de... um mosquitinho?
PRINCESA Na verdade é uma mosquitinha meu rei! O transmissor da dengue é uma fêmea!
REI Pouco me importa se é mosquito ou se é mosquita! Precisamos mandar esses insetos de volta pro seu habitat!
PRINCESA Os mosquiteiros estão fazendo, realeza! Mas os mosquitos se multiplicam! Eu ouvi eles falando que para cada mosquito que eles matam aparecem outros dez, cem, mil!
REI E você sabe qual a explicação para surgirem tantos mosquitos assim?
PRINCESA Eu não sei Majestade! Nós matamos mais e mais mosquitos, mas não sei de onde eles aparecem.
REI Temos que descobrir como isso acontecesse!
PRINCESA Sim Majestade!
REI Filha, ontonti o papai tava pensando...
PRINCESA Ai, papi! Não é ontonti que se diz!
REI Ah, não! E como é?
PRINCESA É anteontem ou antes de ontem!
REI Ah!!!
PRINCESA Olha só papai: hoje é quinta-feira; amanhã será sexta feira; ontem foi quarta-feira; e terça-feira foi?
REI Ontonti?
PRINCESA Deixa pra lá! O que o senhor estava pensando?
REI Pensando? Ah, sim! Eu estava pensando, por que você não pega o megafone real e sai por aí, pelo reino, convocando homens para se alistarem ao exército de mosquiteiros?
PRINCESA Eu papi? Mas eu ainda sou uma criança!
REI Por isso mesmo, filha! O povo se sensibilizará e atenderá seu chamado!
PRINCESA Hum... Não sei não! O que você acha burrinha?
REI Essa burrinha fala?
PRINCESA Sim, mas só consegue ouvi-la quem é inteligente!
REI Ah!
PRINCESA É né burrinha! Responde papai!
REI O quê?
PRINCESA O que a burrinha perguntou!
REI Ah, sim! Sabe o que é filha, o papai estava distraído e não ouviu a pergunta da burrinha! Você pode repetir?
PRINCESA A burrinha perguntou: e se o povo não aceitar?
REI Diga-lhes que eu dobro a cota de alimentação diária! Essa gente tá sempre com fome!
PRINCESA Mas pai, sempre que o povo pede alguma coisa pra comer o senhor diz que não tem nada!
REI Pois agora minha filha, quando me pedirem algo para comer, eu direi: não tem nada, nada!
PRINCESA Hum... Não sei se devo!
REI O papai promete que irá rever a lei para que você e todas as mulheres possam ser mosquiteiros!
PRINCESA Promete mesmo?
REI Prometo!
PRINCESA Eba... Então eu poderei ser um mosquiteiro! (pega o megafone e entrega o matamoscas ao rei) Vamos cavalinho! (Rei sai) Atenção todos os homens do reino, vossa majestade o rei, que por coincidência é meu pai, convoca todos os homens do reino para se alistarem ao exército dos mosquiteiros do rei, que por coincidência é meu pai, que convoca todos os homens… (Sai)
Cena IV – onde está Zika?
Entra Chicungunha espalhando ovinhos pela cidade.
DENGUE (Fora de cena, chamando) CHICU! CHICUNGUNHA! (Entrando) Mas que mosquito de mer... (vê o Chicu)... meu amigo Chicu!
CHICU Dengue! E aí?
DENGUE Aqui nada, e aí?
CHICU Aqui nada, e aí?
DENGUE Chicu, onde tá Zika?
CHICU Tá trabalhando numa casa aqui pertinho!
DENGUE Zika virou doméstica, agora?
CHICU Não, Dengue! Essa casa é o sonho de todo aedes aegypti! Zika agora deve estar pondo seus ovinhos na calha que tá cheinha de água da chuva! Mas quando eu saí de lá ela tava nuns pratinhos das plantas, também cheios d’água! E depois ela vai numa lata que tem água pro cachorro e se não me engano, também tem a caixa d’água onde ela quer largar ovinhos!
DENGUE Mas que ótima noticia! Chicu, estamos muito perto de conquistar essa cidade! Muito perto!
CHICU Estamos Dengue?
DENGUE Sim, estamos! E com o plano mirabolante que eu estou bolando, logo, logo essa cidade será minha!
CHICU De quem?
DENGUE Digo, nossa! Ora, pare de pensar bobagens. Chicu, tu não sabe que nós mosquitos somos comunistas, socialistas, anarquistas… e mais um monte de “istas”?
CHICU Hum... Plano mirabolante, Dengue? Digue logo!
DENGUE Nós vamos pegar a filha do paspalho!
CHICU Qual paspalho, Dengue? Essa cidade tá cheia deles, na rua, no ônibus, na escola, no teatro...
DENGUE Eu sei, acabei de ver um na frente do espelho!
CHICU Não me digue?
DENGUE Digo!
CHICU Eu pedi pra não me dizer!
DENGUE Agora já disse! Eu estou falando da filha do rei!
CHICU A filha do rei, Dengue?
DENGUE Exatamente! A paspalhinha!
CHICU Mas como faremos isso, Dengue? Ela esta sempre trancado no palácio, protegida pelos mosquiteiros!
DENGUE Eu soube que ela anda por aí, percorrendo o reino, recrutando homens que queiram ser mosquiteiros.
CHICU Mais mosquiteiros? Se eles acabarem com os mosquitos, o que vai ser?
DENGUE Vai ser o fim da picada!
PRINCESA (Fora de cena) Atenção todos os homens do reino...
DENGUE Calma! Oh, aí está vindo a menina! Vamos pegá-la!
Cena V – a dança dos facões
Entra a princesa no seu cavalinho.
PRINCESA Atenção todos os homens do reino, vossa majestade o rei, que coincidentemente é meu pai, está convocando todos os homens do reino para se alistarem ao exército dos mosquiteiros do rei... Mosquitos da Dengue! Preciso me proteger! (luta. mosquitos “acertam” a princesa que desfalece. mosquitos saem, princesa acorda se sentido meio estranha, continua sua busca por mosquiteiros). Oi cavalinho! Você ta aí! Tô me sentindo meio estranha! Acho que a luta com os mosquitos da dengue me deixou cansada e eu cochilei! Vamos lá, vamos continuar recrutando! Atenção homens do reino… (Sai).
Cena VI - raquetes elétricas.
REI (Entrando com quatro raquetes elétricas. Faz pose e fica por alguns segundos parado no centro do palco, olhando a plateia. Desmancha o personagem e vai na coxia pra falar. Agora é o ator falando)
ATOR Dá pra tocar uma musiquinha aí atrás?
ALGUÉM (Fora de cena) Que música?
ATOR (Ironizando) Que tal aquela que era tocada no ensaio!
ALGUÉM (Fora de cena) Mas no ensaio não tinha música nenhuma!
ATOR Tá, mas agora o diretor da peça tá pedindo uma música, dá pra tocar alguma coisa!
ALGUÉM (Fora de cena) Pedindo com jeitinho assim, a gente toca!
ATOR Amadores! Vou demitir todo mundo e fazer teatro sozinho!
Bater panelas nas coxias, aparecendo uma de cada lado.
ATOR Estou só brincando! Não vou demitir ninguém, mas parem com essa barulheira!
Festa nas coxias.
REI (Voltando ao personagem) Abre a gaita gaitero!
ALGUÉM (Fora de cena) A gaita não veio! Só tem violão ou pandeiro!
REI (Desmanchando o personagem novamente).
ATOR (Falando pra plateia) Por que eu não estudei... mamãe pedia tanto! Estuda, meu filho, estuda! Não mãe, eu quero fazer teatro, vou ser ator da globo! Bem feito, pra mim! (para o elenco) Alguém aí sabe tocar violão?
ALGUÉM (Fora de cena) Podemos tentar!
ATOR Então tenta!
Música nativista instrumental.
REI Pra esse tal de Aedes Aegypti, eu digo: só lamento! Pois comprei essas raquetes elétricas sem edital, sem licitação, sem orçamentos. E pra acabar de vez com a dengue no meu terreiro, é que eu berro, eu grito e eu chamo: MOSQUITEIROS! MOSQUITEIROS!
Cena VII – Os Mosquiteiros.
Entram mosquiteiro e mosquiteira.
JUNTOS Pois não majestade!
REI Mas o que é isso? Eu chamo os mosquiteiros e me aparece uma... O que a minha menina anda fazendo?
MOSQUITEIRA A princesa disse que nós mulheres também poderíamos ser mosquiteiros do rei e que o senhor dobraria a nossa alimentação diária.
REI Ela disse, é?
MOSQUITEIRO Disse!
REI Mas que espertinha, puxou o pai! Olhem! Olhem! Comprei um brinquedinho novo pra vocês! (Entrega as raquetes elétricas a eles) Acabem com o mosquito da dengue! Se precisarem de mim,eu estarei lá dentro pensando! (rei sai, mosquitos não sabem o que fazer com as raquetes, ao seu jeito tentam matar mosquitos. Mosquiteira sai).
Entra a princesa com sintomas da dengue, mosquiteiro a vê.
MOSQUITEIRO (Assustado, chama o rei) REI NANDO! REI NANDO!
Cena VIII – a princesa está com dengue.
REI (Entrando) O meu povo me adora, sempre me chamando: Rei Nando! Rei Nando! Olha quem está aí! A minha menina! Filha, como você está estranha! (olha o braça da princesa) Você está com umas manchas avermelhadas na pele! (rei coloca a mão na testa da princesa) Você está com febre! (princesa vomita no rei) Você está vomitando! Filha, você está com dengue?
PRINCESA (Apenas faz gesto de que não sabe)
REI (Se afastando) Mas como foi que isso aconteceu?
PRINCESA Eu não sei, foi de uma hora pra outra! Eu estava andando por aí convocando os homens, combatendo os mosquitos, e de repente comecei a me sentir mal!
MOSQUITEIRO Você tem dor de cabeça?
PRINCESA Ai, minha cabeça!
MOSQUITEIRO Você tem dores nas articulações?
PRINCESA Ai, minhas articulações!
MOSQUITEIRO Você se sente cansada?
PRINCESA Muito cansada!
MOSQUITEIRO Você se sente indisposta?
PRINCESA Me sinto indisposta!
MOSQUITEIRO Sim, ela está com dengue!
REI (Para a Mosquiteiro) Precisamos fazer alguma coisa rapidamente, senão essa doença vai evoluir para uma forma mais grave!
MOSQUITEIRO Eu vou levá-la ao posto de saúde! (entrega as raquetes para a princesa)
REI Para o posto de saúde?
MOSQUITEIRO (Voltando-se para o Rei) É para onde vão todos os que estão com dengue!
Princesa sai.
REI Será? Faz um tempão, eu ouvi dizer que lá estava faltando médicos, faltando remédios, faltando equipamentos, etc., etc., etc., e o escambau!
MOSQUITEIRO Majestade, isso tudo é verdade! E também é verdade que só o senhor pode mudar essa realidade!
REI Eu! Mas o que posso eu, um simples rei fazer?
MOSQUITEIRO Que tal começar dando melhores condições de trabalho aos profissionais da saúde? Que tal equipar melhor os hospitais e postos de saúde? Que tal combater a corrupção? Pelo que o povo lhe paga ele merece um serviço melhor!
REI E você acha que isso vai acabar com a dengue no nosso reino?
MOSQUITEIRO Não majestade, eu acho que não! Pra acabar com a dengue eu ainda não sei o que fazer, mas vamos melhorar em muito a qualidade de vida da nossa gente e aí quem sabe, descobriremos uma maneira de acabar de vez com a dengue!
REI Eu vou pensar no assunto! (Sai. Ouve-se barulho de descarga de banheiro)
MOSQUITEIRO O Rei está pensando! É melhor nos prepararmos para uma epidemia de dengue! (Sai)
Cena IX – Chula.
Batidas de bumbo
Entram dois mosquitos, um tocando violão e outro, bumbo. Enquanto um fala outro faz gestos, como se estivesse traduzindo para libras.
MOSQUITO Bom dia mosquitos e mosquitas de todas as querências!
Por muito tempo o frio nos afastou desse quinhão.
Mas agora, com a nossa capacidade de adaptação,
Viemos para ficar.
E também não será um veneninho qualquer,
Que daqui irá nos expulsar!
Para isso, será necessário que o povo dessa terra mude sua cultura,
Que pense diferente.
Caso contrário, uma epidemia de dengue,
Será iminente!
Estamos tão acostumados a esse chão,
Que já comemos churrasco,
Tomamos chimarrão,
Dançamos chula,
Entra outro mosquito de pala e lança na mão, vai dançar chula.
E vanerão. (tocam)
Mosquito dança uma chula improvisada, pisa na lança, reclama que eles não estão tocando direito e fizeram ele errar, tira os dois de cena, fica dançando sozinho.
Cena X – Pulverizadores.
REI (Rei entra com dois pulverizadores) Que zunzum o quê!!! Vão fazer zunzum pra lá! (mosquito sai) Vão pra lá! Essa cantoria de vocês está com os dias contados! Essa terra tem dono! E para o governo de vocês, o governo dessa terra acaba de comprar, sem edital, sem licitação, sem orçamentos e sem dinheiro algum, esses pulverizadores. Vamos enfiar veneno pelo nariz de vocês até sair pela culatra. Daí eu quero ouvir zunzum! MOSQUITEIROS! MOSQUITEIROS!
JUNTOS (Entrando) Pois não majestade!
REI (Desmancha o personagem).
ATOR REI Mas o que é isso! Não tem mais homem nesse elenco, não?
MOSQUITEIRO (Desmancha o personagem).
ATOR MOSQ O cachê tá baixo!
ATOR REI Então vamos aumentar o valor do ingresso!
MOSQUITEIRA (Desmancha o personagem)
ATRIZ MOSQ Sempre sobra pro povo!
ATOR REI Tá... Tá... Tá... Deixa prá lá!
Todos voltam aos personagens.
REI Olhem, eu comprei esses pulverizadores, essas bombas de flit, pra colocar veneno contra o aedes aegypti, mas só deu pra comprar duas e ainda assim parece que tem uma com um probleminha. Vão e coloquem veneno em tudo. Coloquem veneno nas casas, nas plantas, na água… não deixem um cantinho sem veneno! Vão! Eu vou lá ver como está a princesa!
Os Mosquiteiros não sabem como usar os pulverizadores, acabam jogando veneno um no outro e espalhando lixo por todo o palco. Saem.
Cena XI – upa, upa minha burrinha.
Princesa entra com “cavalinho”, cantando.
PRINCESA Upa! Upa! Minha Burrinha!
Vai correndo, vai ligeiro!
Por que nessa brincadeira,
Eu serei um mosquiteiro!
(Observa) Meus Deus! Olha só burrinha, nesse reino tudo acaba em samba ou pizza, mesmo! Como nós vamos brincar no meio dessa sujeira toda? (para o cavalinho) O que foi que você disse? (escuta) Boa ideia! Vamos fazer espaço! Vamos colocar tudo pra lá! (para o burrinho) Por que pra lá, não? (escuta) Ah, é! Mas daí quando nós quisermos brincar lá a gente bota tudo pra cá novamente! (escuta) Fica ruim, né? Então vamos jogar tudo no arroio? O arroio vai levar tudo pra bem longe daqui! (escuta) Também não? Ai, eu só quero brincar, burrinha! Então vamos limpar um pouquinho aqui, depois eu falo com meu pai, ele da um jeito.
MOSQUITO (Entra e fica observando a princesa)
PRINCESA (Começa a procurar coisas para brincar) Olha só burrinha, uma panelinha, vamos fazer comidinha! (continua procurando) Água burrinha! (Se vira para mostrar a água para a burrinha e vê o mosquito) Mosquito da dengue!
MOSQUITO (Ataca a princesa).
PRINCESA (Virando-se para se proteger, derrama água).
MOSQUITO (Se contorce quando a princesa derrama água. Tenta atacá-la novamente).
PRINCESA (Virando-se para se proteger, derrama água).
MOSQUITO (Cai, se contorcendo, ainda assim tenta atacar a princesa).
PRINCESA (Derramando mais água).
MOSQUITO (Se arrastando sai de cena).
PRINCESA Você viu isso burrinha? Quando eu derramava a água da lata o mosquito se debatia! Por que será? (escutando) Você acha isso mesmo, burrinha? Você acha que o mosquito da dengue se procria em água parada? Vamos contar isso pros mosquiteiros! (sai cantando)
Upa! Upa! Minha burrinha!
Vai correndo, vai ligeiro!
Por que nessa brincadeira,
Eu serei um mosquiteiro!
Cena XII – Chicungunha fica vigiando.
CHICU (Entra triste, olha os ovinhos perdidos de um lado, chora e olha do outro)
DENGUE (Entrando) Chicu, então aquela paspalhinha descobriu que pra gente procriar é preciso água parada?
CHICU Sim! E eu ainda ouvi ela dizer que iria contar para os mosquiteiros!
DENGUE Hum! Precisamos fazer alguma coisa!
CHICU Precisamos!
DENGUE Faça o seguinte: fique aqui e vigie a paspalhinha, escute bem o que ela vai falar, precisamos saber qual será o plano deles. Temos muitos ovinhos espalhados por esse reino todo, se eles resolverem fazer uma limpeza por aqui e se o povo resolver arregaçar as mangas e ajudar, podemos fazer nossas malas, vamos ter que ir embora. Porque se o povo entender que não pode ficar largando lixo por aí, que não pode deixar água parada por aí, não sei não... (Sai).
PRINCESA (Entrando, Chicu se esconde) Pois é burrinha, não vamos poder contar com os mosquiteiros, eles estão com dengue! Acho que eu vou falar pro meu pai, não vai adiantar muito, né? Mas não custa tentar. O que você acha de nós mesmos irmos de casa em casa falar com a população pra que eles não deixem água parada? As ações que meu pai está fazendo pra combater o mosquito ajudam, mas se cada um não fizer a sua parte, nós não vamos vencer essa guerra.
Cena XIII – a ideia da burrinha
REI (Fora de cena) PRINCE!
PRINCESA O papi!
REI (Entrando) Princesa eu estava te procurando. O que vocês faz aqui? É perigoso!
PRINCESA Sabe pai, eu e a burrinha temos uma ideia. Nós achamos que pra vencer o mosquito da dengue é preciso recolher todo lixo produzido pela população. É preciso separar esse lixo e depois dar um destino correto.
REI Filha! Tudo isso é feito aqui no nosso reino, diariamente! Um dia recolhemos o lixo seco no outro recolhemos o lixo molhado.
PRINCESA Mas pai, olha só pra isso! Tem lixo espalhado por todos os lados. Tanto lixo acumulado assim faz com que se proliferem não só insetos, mas também outros animais que transmitem doenças. Será que os recolhedores estão em greve?
REI Não, filha os recolhedores não estão em greve. Sabe o que é isso?
PRINCESA O quê?
REI O povo!
PRINCESA O povo, pai?
REI O povo não ajuda! Outro dia mesmo, eu estava junto, nós tiramos toneladas de lixo do arroio! Você não vai acreditar, mas dentro do arroio tinha sofás, peças de automóvel, geladeiras, fogões, pneus, computadores… e o pior que enquanto limpávamos um lado do arroio, o povo jogava lixo do outro.
PRINCESA Mas pai, então a solução é muito simples! Fala pra ele burrinha! (Em silêncio escutando a burrinha) Entendeu?
REI Mais ou menos! A filhinha do papi pode repetir?
PRINCESA Vamos fazer uma grande campanha de conscientização da população! Vamos colocar cartazes em todos os postes, vamos colocar um carro de som… PÁPI! Vamos levar teatro sobre a dengue e levar para as escolas. (mosquito sai) Vem pai, vamos logo, pelo caminho eu explico. (Princesa sai).
REI Teatro? Eu adoro teatro, mas será que os atores atuam de graça, hein? É que não tem verba! (Sai).
Cena XIV – batendo em retirada.
CHICU (Entra choramingando, com uma sacolinha de retirante, fica olhando o ambiente).
ZIKA (Entrando) Bóra!
CHICU Cadê Dengue?
ZIKA Dengue? (faz gesto de que foi decapitado).
CHICU Bóra! (Saem cantando).
Mas isso não é hora de ficar chorando!
Vamos logo embora, o bicho ta pegando!
Vamos logo embora, o bicho ta pegando!
Zika sai
Mas saibam vocês que nós lá estaremos,
Só te observando, nós voltaremos!
Só te observando, nós voltaremos!
CHICU (Saindo) Voltaremos!
Cena XV - percussão
Começa um zumbido de mosquito, mosquiteiro entra e começa a matar mosquitos com as mãos. Zumbidos continuam, entra outro mosquiteiro e também começa a matar mosquitos com as mãos. A ideia e fazer um som de percussão em que a plateia acompanhe com as mãos. Entra um terceiro mosquiteiro, pega duas embalagens plásticas de água sanitária ou outro e começa dar um ritmo para esse som. Os demais mosquiteiros também pegam algum objeto e tocam no mesmo ritmo por alguns segundos. Param de tocar, estão um ao lado do outro.
MOSQUITEIRO DO CENTRO “UM POR TODOS…”
TODOS “...E TODOS CONTRA O MOSQUITO DA DENGUE!”
Voltam ao ritmo da percussão e vão saindo de cena. Apaga a luz.
F I M
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